Cenário do reúso direto do efluente tratado nas estações de tratamento de esgoto brasileiras
PDF (English)

Palavras-chave

reúso de água
disponibilidade hídrica
desenvolvimento sustentável
ODS 6
marco legal do saneamento

Como Citar

Anício, S. de O., Bega, J. M. M., & Malheiros, T. F. (2022). Cenário do reúso direto do efluente tratado nas estações de tratamento de esgoto brasileiras. Lifestyle Journal, 9(00), e01452. https://doi.org/10.19141/2237-3756.lifestyle.v9.n00.pe01452

Resumo

O reúso direto do efluente tratado em Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) é considerado uma das alternativas de combate à escassez hídrica. A prática de reúso é citada como uma estratégia para o atingimento de um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), bem como seu estímulo trata-se de um dos princípios fundamentais do novo marco legal do saneamento brasileiro. A partir dos dados disponibilizados pela Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) no ano de 2017, o presente trabalho teve como objetivo avaliar, de forma quantitativa, as práticas de reúso direto do efluente tratado pelas ETEs no Brasil, buscando compreender o panorama nacional da estratégia. Concluiu-se que, embora existam leis regulamentadoras, o reúso direto de água ainda é incipiente no Brasil, com proporções baixas de municípios que utilizam efluente tratado de ETEs para as atividades consideradas nas legislações [Sul (0,9%), Sudeste (4,5%), Norte (2,3%), Nordeste (4,7%) e Centro-Oeste (1,8%)]. Dessa forma, acredita-se que esforços em diversas instâncias, a partir de desenvolvimento científico e tecnológico, de políticas públicas e incentivos financeiros e do estabelecimento de leis mais precisas e específicas, sejam necessários para incentivar e encorajar a adoção de práticas de reúso direto de água.

https://doi.org/10.19141/2237-3756.lifestyle.v9.n00.pe01452
PDF (English)

Referências

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13969: Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação. [S. l.], p. 60, 1997.

ÁLVAREZ, X.; VALERO, E.; SANTOS, R. M. B.; VARANDAS, S. G. P.; SANCHES FERNANDES, L. F.; PACHECO, F. A. L. Anthropogenic nutrients and eutrophication in multiple land use watersheds: Best management practices and policies for the protection of water resources. Land Use Policy, [S. l.], v. 69, p. 1–11, 2017. DOI: 10.1016/J.LANDUSEPOL.2017.08.028.

ANÍCIO, S. O.; MEIRELES, E.; BRANCO FILHO, T. C. T.; MALHEIROS, T. F. Aspectos legais da adoção de práticas de economia circular em estações de tratamento de esgoto no Brasil. Anais eletrônicos da 17a Semana da Engenharia Ambiental, [S. l.], p. 10, 2021. Disponível em: http://soac.eesc.usp.br/index.php/SEAMB/xviiseamb/paper/view/3210/1992. Acesso em: 11 out. 2021.

BEGA, J. M. M.; BORGES, A. V.; LAGO, C. A. F.; MENDES, J. P.; AZEVEDO, P. T.; SANTOS, W. J. R.; MARIOSA, D. F. Avaliação da sustentabilidade dos indicadores de saneamento do Plano das Bacias PCJ 2020-2035. Ambiente & Sociedade, [S. l.], v. 24, 2021.

BEZERRA, M. B. A crise hídrica como reflexo da seca: o Nordeste Setentrional em alerta. Revista de Geociências do Nordeste, [S. l.], v. 2, 2016.

BRASIL. Lei no 14.026, de 15 julho de 2020: “Atualiza o marco legal do saneamento básico e altera a Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) competência para editar normas de referência.”, 2020.

BRASIL. Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Resolução no 54, de 28 de novembro de 2005: “Estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso direto não potável de água, e dá outras providências.”, 2005.

BRASIL. Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Resolução no 121, de 16 de dezembro de 2010: “Estabelece diretrizes e critérios para a prática de reúso direto não potável de água na modalidade agrícola e florestal, definida na Resolução CNRH no 54, de 28 de novembro de 2005.”, 2010.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Secretaria Nacional de Saneamento (SNS). Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento: Diagnóstico dos serviços de água e esgoto. Brasília: SNS/MDR, 2020.

BUSS, P. M.; MACHADO, J. M. H.; GALLO, E.; MAGALHÃES, D. P.; SETTI, A. F. F.; FRANCO NETTO, F. A.; BUSS, D. F.. Governança em saúde e ambiente para o desenvolvimento sustentável. Ciência & Saúde Coletiva, [S. l.], v. 17, n. 6, p. 1479–1491, 2012. DOI: 10.1590/S1413-81232012000600012.

BUSS, P. M.; MAGALHÃES, D. P.; SETTI, A. F. F.; GALLO, E.; NETTO, F. A. F.; MACHADO, J. M. H.; BUSS, D. F.. Saúde na Agenda de Desenvolvimento pós-2015 das Nações Unidas. Cadernos de Saúde Pública, [S. l.], v. 30, n. 12, p. 2555–2570, 2014. DOI: 10.1590/0102-311XAT011214.

DOVERS, S. R.; HANDMER, J. W. Uncertainty, sustainability and change. Global Environmental Change, [S. l.], v. 2, n. 4, p. 262–276, 1992. DOI: 10.1016/0959-3780(92)90044-8.

FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Manual de Conservação e Reúso de Água na Indústria, 2015.

FISHER, O. J.; WATSON, N. J.; ESCRIG, J. E.; GOMES, R. L.

Intelligent Resource Use to Deliver Waste Valorization and Process Resilience in Manufacturing Environments: Moving towards sustainable process manufacturing. Johnson Matthey Technology Review, [S. l.], v. 64, n. 1, p. 93–99, 2020. DOI: 10.1595/205651320X15735483214878.

FLINT, R. W. The Sustainable Development of Water Resources. Water Resources Update, [S. l.], v. 127, p. 41–51, 2004.

GALLOPÍN, G. C. Sostenibilidad y desarrollo sostenible: un enfoque sistémico. Medio Ambiente y Desarrollo, [S. l.], 2003.

HAGENVOORT, J.; ORTEGA-REIG, M.; BOTELLA, S.; GARCÍA, C.; LUIS, A.; PALAU-SALVADOR, G. Reusing Treated Waste-Water from a Circular Economy Perspective — The Case of the Real Acequia de Moncada in Valencia (Spain). Water, [S. l.], 2019.

HESPANHOL, I. Health and Technical Aspects of the Use of Wastewater in Agriculture and Aquaculture. In: Socioeconomic and Environmental Issues in Water Projects – Selected Readings, Ed. Fritz Rodrigues, The Economic Developing Institute of the World Bank, The World Health Organization. 1994.

HESPANHOL, I. Potencial de reuso de água no Brasil: agricultura, indústria, municípios, recarga de aquíferos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 7, n. 4, p. 75-95, 2002.

HESPANHOL, Ivanildo. Um novo paradigma para a gestão de recursos hídricos. Estudos Avançados, [S. l.], v. 22, n. 63, p. 131–158, 2008. DOI: 10.1590/S0103-40142008000200009.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PNSB - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - Sobre. 2017a. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/meio-ambiente/9073-pesquisa-nacional-de-saneamento-basico.html?edicao=28244&t=sobre. Acesso em: 7 out. 2021.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PNSB - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - Tabelas. 2017b. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/meio-ambiente/9073-pesquisa-nacional-de-saneamento-basico.html?edicao=28244&t=resultados. Acesso em: 7 out. 2021.

IPCC - International Panel on Climate Change. Climate Change 2021: The Physical Science Basis. Cambridge University Press, [S. l.], 2021.

JOSEPH, N.; RYU, D.; MALANO, H. M.; GEORGE, B.; SUDHEER, K. P. A review of the assessment of sustainable water use at continental-to-global scale. Sustainable Water Resources Management 2020 6:2, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 1–20, 2020. DOI: 10.1007/S40899-020-00379-7.

KAYAL, B.; ABU-GHUNMI, D.; ABU-GHUNMI, L.; ARCHENTI, A.; NICOLESCU, M.; LARKIN, C.; CORBET, S. An economic index for measuring firm’s circularity: The case of water industry. Journal of Behavioral and Experimental Finance, [S. l.], v. 21, p. 123–129, 2019. DOI: 10.1016/j.jbef.2018.11.007.

KISELEV, A. V.; MAGARIL, E. R.; RADA, E. C. Energy and sustainability assessment of municipal wastewater treatment under circular economy paradigm. WIT Transactions on Ecology and the Environment, [S. l.], v. 237, p. 109–120, 2019. DOI: 10.2495/ESUS190101.

KLEDYŃSKI, Z. et al. Condition of circular economy in Poland. Archives of Civil Engineering, [S. l.], v. 66, n. 3, p. 37–80, 2020. DOI: 10.24425/ace.2020.131820.

LÓPEZ, M. G.; SANZ, B. M.; MORENO, J. M. Internalization analysis of environmental costs of wastewater treatment in the Valencian community, Spain. WIT Transactions on Ecology and the Environment, [S. l.], v. 229, p. 57–66, 2019. DOI: 10.2495/WRM190061.

MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MARENGO, J. A.; ALVES, L. M. Crise Hídrica em São Paulo em 2014: Seca e Desmatamento. GEOUSP: Espaço e Tempo (Online), [S. l.], v. 19, n. 3, p. 485, 2015. DOI:10.11606/issn.2179-0892.geousp.2015.100879.

MARINHO, E. R.; VITORINO, M. I.; BARBOSA, I. C. C.; COSTA, L. G. S.; SANTOS, M. R. S.; SOUZA, H. E. N. As atividades Antrópicas na Modulação da Qualidade de Água do rio Guamá, em São Miguel do Guamá, Pará. Revista Brasileira de Geografia Física, [S. l.], v. 13, n. 1, p. 182–195, 2020. DOI: 10.26848/RBGF.V13.1.P182-195.

NAVARRO, F. A. R.; GESUALDO, G. C.; FERREIRA, R. G.; RÁPALO, L. M. C.; BENSO, M. R.; DE MACEDO, M. B.; MENDIONDO, E. M. A novel multistage risk management applied to water-related disaster using diversity of measures: A theoretical approach. Ecohydrology and Hydrobiology, [S. l.], 2021. DOI: 10.1016/J.ECOHYD.2021.07.004.

OLIVEIRA, J. N.; BEGA, J. M. M.; ANDREETTA, A.; TOKUDA, E. N. O conflito entre a expansão urbana e o uso da água subterrânea. Journal of Hyperspectral Remote Sensing, v. 9, p. 373-386, 2019. DOI: 10.29150/jhrs.v9.6.p373-386.

SAMORA, R.; MANO, A. UPDATE 2-Brazil on drought alert, faces worst dry spell in 91 years. 2021. Disponível em: https://www.reuters.com/article/brazil-drought-idAFL2N2NF29M. Acesso em: 8 out. 2021.

SARTORI, S.; LATRÔNICO, F.; CAMPOS, L. M. S. Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: uma taxonomia no campo da literatura. Ambiente & Sociedade, [S. l.], v. 17, n. 1, p. 1–22, 2014.

SILVA, E. R. A. da (Coord.). Agenda 2030: ODS - Metas Nacionais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Brasília: IPEA, 2018. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&id=33895. Acesso em: 19 out. 2020.

UN - United Nations. Transforming our world: the 2030 agenda for sustainable development, 2015.

UN - United Nations. Summary Progress Update 2021: SDG 6 — water and sanitation for all, 2021. Disponível em: https://www.unwater.org/app/uploads/2021/07/SDG-6-Summary-Progress-Update-2021_Version-July-2021.pdf. Acesso em: 10 out. 2021.

UN-WATER - United Nations Water. Water security & the global water agenda. UN Water Analytical Brief. Hamilton, Canada: UN University, 2013.

WCED. Our common future. Oxford: Oxford University Press, 1987.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Sabrina de Oliveira Anício, João Miguel Merces Bega, Tadeu Fabrício Malheiros

Downloads

Não há dados estatísticos.